Quando os que estão próximos não nos entendem
Junho 07, 2018
Acho que são raras as pessoas que não passaram por isto quando decidiram ser reikianas. Sempre que enveredamos por este caminho, surge alguém que nos questiona o "porquê?", "o que é isso?", "isso é credível?", "para que é que isso te vai servir?", entre tantas outras questões e afirmações que poderia colocar aqui.
Quem nunca passou por isto? Tenho a certeza que serão muito poucos os felizardos que nunca tiveram de ouvir uma frase destas na vida, após terem sido iniciados no Reiki.
Mas se é fácil de responder e ignorar alguns comentários de amigos ou conhecidos, quando é a nossa família, os nossos companheiros ou os nossos amigos mais próximos a questionar, a situação muda de figura. Tentamos, primeiramente, explicar tudo o que sabemos, os benefícios, o porquê de termos feito esta escolha e tentamos, às vezes em glória, mudar a perspetiva dessa pessoa.
Contudo, muitas vezes, isso não acontece e começamos a ser vistos como "diferentes". Se isso, no início, até nos pode afetar, acredito que chega a uma altura em que simplesmente "desistimos" de nos esforçarmos por explicar e nos fazermos compreender. Especialmente se nos dedicamos, de facto, a esta filosofia de vida e vemos os benefícios que nos traz a vários níveis.
Chega a uma altura em que, após ouvir demasiado, simplesmente, deixamos de ouvir. Não que não nos custe ouvir dos mas próximos alguns comentários, mas, se é o que sentimos, se é algo que nos faz bem, só nós sabemos o porquê de nos mantermos fiéis aos nossos princípios. Por isso, começamos a ignorar.
Quando me iniciei no Reiki foram poucas as pessoas que o souberam. À medida que fui "evoluindo", passando de nível para nível, aprendendo mais e começando a ver que era um caminho que queria seguir de coração, comecei a abrir-me mais e a falar sobre o assunto. O engraçado foi ver e encontrar pessoas, que nunca imaginei, que também eram reikianas e que, tal como eu, também não falavam do assunto.
Apercebi-me, então, que o problema não era meu. Que era um problema geral. E isso fez-me questionar, porquê? Por que é que os reikianos não falam abertamente sobre isso? Será que a mentalidade portuguesa ainda é assim tão retrógrada que temos receio de falar sobre os temas que gostamos?
Questionei-me se essas pessoas fariam isso para se proteger dos comentários. Questionei-me sobre o que cada um passaria, o que cada um ouviria dos mais próximos. E cheguei à conclusão que, praticamente todos, passamos por isso.
Honestamente, vejo isso como um desafio que nos é colocado. Um desafio para termos a certeza se é isto que queremos, se é nisto que acreditamos. Um teste à nossa personalidade e ao quanto somos influenciados ou não pelo que os outros pensam.
Mas além dos comentários, com os quais aprendemos, eventualmente, a lidar, há outras questões. Quem continua a evolução dentro do Reiki, sabe que começam a existir momentos em que precisamos do nosso espaço, de estar no nosso canto e, diria que, na maioria das vezes, somos mal entendidos. Os que estão de fora não compreendem, não entendem essa necessidade quase física que sentimos de nos isolarmos por momentos do mundo e nos focarmos unicamente em nós próprios.
Tudo isto faz parte de ser reikiano, e acredito que seja muito difícil de lidar com um reikiano quando não se tem o conhecimento necessário do que é nem do que uma pessoa passa interiormente quando é iniciada em qualquer um dos níveis.
Contudo, e pela minha própria experiência, é tudo uma questão de tempo. Da mesma forma que nos habituamos a algo novo, às mudanças, assim como nos habituamos à "nova" energia que sentimos quando nos tornamos reikianos, também nos habituamos a lidar com as opiniões dos outros e, eventualmente, os outros também se habituarão às nossas mudanças.