A Natureza e a falta que ela nos faz
Julho 23, 2018
Desde que me lembro de ser gente que tenho um fascínio, uma adoração sem explicação pelo mar. Há quem se sinta bem numa floresta, num parque, num campo, mas, para mim, a única altura em que me sinto completa é quando estou junto ao mar. Quando tenho a oportunidade de acordar e a primeira coisa que vejo quando abro a janela é o oceano no seu explendor.
Para mim, pessoalmente, não há nada mais calmo e relaxante do que olhar para o mar. Esteja ele calmo ou com ondas gigantes. Basta aquele cheiro característico a água salgada ou o som das ondas que a minha mente e o meu coração acalmam-se quase imediatamente.
Mas, desde que fui iniciada no Reiki, sinto ainda mais necessidade deste contacto com a Natureza. É quase uma coisa física que vai aumentando de intensidade até que chega ao ponto em que só passa quando estou junto ao mar. E entendo agora a falta que o contacto com a Natureza, seja ela qual for, nos faz enquanto seres humanos.
Vivemos numa sociedade de betão, em que andamos de carro ou de transportes públicos diariamente. Vamos do trabalho para casa agarrados aos telemóveis, chegamos a casa e agarramo-nos aos computadores, tablets ou televisões. Vivemos quase fechados dentro do nosso próprio mundo, numa caixinha, sem dar valor ao que está ao nosso redor. Sem dar valor ao céu azul que nos dá os bons dias todos os dias, sem dar valor às árvores que estão no nosso caminho diário há centenas de anos, sem dar valor ao cheiro característico de cada estação do ano.
À medida que vamos evoluindo enquanto Humanidade, estamos a perder, cada vez mais, o contacto com a Natureza. E isso faz-nos mal. Não acredito que seja apenas psciológico que tanta gente se acalme, como eu, ao ver o mar. Não acredito que seja psicológico que muita gente goste e se sinta bem e relaxado a plantar, por exemplo. Não posso acreditar que a ligação que se sente quando se toca numa árvore seja psicológica. Há mais que isso.
Desde que entrei no Reiki aprendi várias técnicas de controlo da ansiedade. Claro que as utilizo sempre que preciso, e funcionam, mas não posso negar que várias experiências que tive me deixaram boquiaberta. Quando me disseram que quando me sentisse ansiosa abraçasse uma árvore, achei que não iria resultar comigo. Um dia, estando eu num local público, e não querendo que ninguém se apercebesse, coloquei uma mão numa árvore centenária que ali se encontrava pois sentia-me bastante ansiosa e sabia o que se iria seguir. Mas não custava tentar. Confesso que o que se seguiu não foi nada do que estava à espera.
Para minha surpresa, bastou-me colocar a mão na árvore para me conseguir controlar e acalmar mesmo. Foi uma sensação que até hoje não esqueço. Senti-me como se algo de pesado estivesse a sair de mim, como se estivesse a aliviar e a revigorar a minha própria energia. Se nunca experimentaram, aconselho.
Claro que com o mar a relação não é de agora, já vem de há muitos anos. Muito antes de saber o que era sequer o Reiki e as energias. Lembro-me que, uma vez, estava na praia e comecei a ter um ataque de ansiedade por causa do calor. Era tudo muito recente e estava ainda a aprender a lidar com as crises. Como ainda não tinha feito a digestão (sim, nessas coisas cumpro à regra) não me podia meter dentro de água, que foi imediatamente o meu primeiro pensamento. Por isso, sem que ninguém desse por nada, afastei-me, cheguei-me mais junto ao mar, sentei-me e ali fiquei a olhar para ele. Bastou isso, bastou aquele momento de atração e de quase sintonia entre a minha respiração e as ondas que rebentavam para me acalmar.
Tudo isto, aliado ao que depois fui aprendendo ao longo dos anos e da experiência, me faz acreditar que, realmente, a Natureza faz muita falta a todos nós. Feliz daquele que pode conviver com ela diariamente. Feliz daquele que não vive num ambiente de poluição das grandes cidades e de stress constante. Acredito que não só vivem mais felizes como têm uma qualidade de vida e longevidade muito maiores.
Por isso, se puderem, estejam junto da Natureza, nem que seja por uns minutos. Sentem-se na relva, sintam as folhas e as flores, vejam as àrvores e olhem o mar. E depois digam-me se não se sentem revigorados e muito melhores.